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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O Cuidado de Deus

Estou procurando escrever sobre sinais e experiências de transcendência de antes de eu ter uma clareza maior da graça e do amor de Deus em minha vida. Na semana passada escrevi sobre um desses momentos durante o trabalho na lavoura. O episódio que passo a narrar a seguir aconteceu mais ou menos na mesma época e em situação semelhante.
Pelo ano de 1992 eu estava no ensino médio. O colégio ficava 9 Km da minha casa. Havia uma caminhonete que levava o pessoal do interior para estudar a noite. Livros era coisa rara em casa. Minha infância e juventude não foram de muita leitura, embora o interesse existisse. A dura vida no campo aumentava o desejo por estudar. Um dia apareceu no colégio um pessoal vendendo livros. A ‘promoção especial’ do momento era uma gramática de português, um dicionário e um atlas mundial. Fiquei encantado. Como eu quis aqueles livros! No fundo sabia que seria impossível. Nossa família era muito humilde e meu pai nunca soltou dinheiro nas mãos da minha mãe ou dos filhos. Meus irmãos e eu sentíamos dor de barriga só de pensar em pedir algum dinheiro pra ele, mesmo que fosse por motivos relevantes (jamais ousaríamos pedir dinheiro se não fosse situação de emergência). Meu pai era capaz de fazer verdadeiro escândalo diante de um pedido de dinheiro para qualquer coisa.
Os livros, apesar da promoção, ainda representariam 10% do nosso orçamento, dependendo do ano e da colheita. Impossível! Mesmo assim, não sabia como e nem a razão, era como se eu acreditasse que poderia tê-los. A idéia não me saía da cabeça. Lembro só de relacionar tudo a um tipo de expressão cognitiva que poderia ser traduzido como oração. Era como se eu soubesse que se havia uma chance ela estaria na intervenção divina. Dormi pensando nisso e acordei pensando nos livros. A manhã foi de capina com meu pai e meu irmão. Estava só com meus pensamentos e orava. Como falar sobre isso com meu pai? Qual seria o melhor momento? E se ele estivesse em mais um daqueles maus dias? Foi numa parada para descansar à sombra entre o almoço e o café do meio dia. Tentei parecer despretensioso. Como se apenas quisesse compartilhar sobre a noite anterior no colégio, falei. Logo eu já estava encarnando o típico vendedor a mostrar as vantagens do produto e a oportunidade única de fazer um bom negócio. Não cheguei a pedir nada. Eu não teria coragem. A rigidez e o espírito nervoso, bravo do meu pai, me traumatizaram a ponto de até hoje eu não conseguir pedir nada a ninguém. Ficou assim.
Voltamos ao trabalho. Minha esperança aumentou devido ao interesse que meu pai demonstrou pelo assunto. Até cogitou possibilidades de como proceder para conseguir dinheiro. Eu experimentava um misto de incredulidade e esperança. E, não é que de tarde, ele disse que iria junto ao colégio! Disse que passaria num amigo, emprestaria um cheque e iria pessoalmente falar com os vendedores. Eu não estava acreditando, aquele não parecia meu pai. No entanto, foi o que aconteceu. O Dicionário e o Atlas eu tenho comigo até hoje. Nunca fui tão grato a Deus. E, acho que nunca soube ser grato ao meu pai. Foi uma experiência realmente marcante, pois vi como até mesmo o impossível pode se tornar possível.

Um comentário:

Fabiane disse...

ai, chorei com essa! parabéns, mais um lindo e sensível texto.

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