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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Réplicas...


Um dos fatores que desencadearam na Reforma Protestante do Século XVI foi a venda de indulgências liderada pelo padre João Tetzel. Ele recebeu do Papa Leão X a autoridade para realizar esta prática a fim de angariar recursos para a construção da Basílica de São Pedro em Roma. Uma das frases que se tornou célebre nessa campanha de Tetzel era de que "no momento em que uma moeda tilinta no fundo do gazofilácio, uma alma escapa do purgatório". Assim, as pessoas eram levadas a acreditar que sua contribuição poderia garantir a libertação da alma dos entes queridos que estavam presas a um purgatório. Foi o marketing agressivo de João Tetzel que indignou o monge Martim Lutero levando-o a escrever as suas 95 teses. A Basílica de São Pedro é uma obra monumental e que levou mais de um século para ser concluído.
A transformação da religião em negócio, portanto, é coisa antiga. Encontramos exemplos sendo denunciados já por Jesus e os apóstolos nos textos bíblicos. Hoje as seitas neopentecostais continuam a prática através da cobrança ilegítima dos dízimos, do ensino a respeito de amuletos sagrados, dos sacrifícios, campanhas, votos, pactos e tantas outras práticas ensinadas como necessárias para se obter bênçãos, cura, riquezas, prosperidade... O desafio do 'papa' do neopentecostalismo agora consiste em construir uma réplica do templo de Salomão bem no centro de São Paulo. O objetivo seria "trazer a fé de Israel, aquela fé abraãmica para os dias de hoje". Seria uma obra bem maior do que acreditam ter sido a construção original de Jerusalém. Deve ocupar 35 mil metros quadrados, com 55 metros de altura (equivalente a um prédio de 18 andares), o altar e fachada do templo serão feitos com pedras trazidas de Israel, um complexo para aproximadamente 10 mil pessoas sentadas. O custo inicial da obra é de 350 milhões de reais. Recursos que virão dos fiéis. Nas palavras do líder religioso e idealizador da obra "aqueles que contribuírem, aqueles que lutarem, aqueles que se esforçarem para contribuir e ajudar vão ser ricos... vão ser ricos... vão ser ricos..."
Se no século XVI a motivação para extorquir dinheiro dos fiéis era a de que entes queridos ganhariam em troca o céu, hoje a promessa é de riquezas aqui e agora. Se Tetzel precisava percorrer a Alemanha para arrecadar, hoje os meios de comunicação facilitam o empreendimento. Os bancos ajudam a seita servindo de gazofilácios em todo território nacional. Mas, trata-se de uma réplica. Bastante conveniente a uma fé que não passa disso, uma réplica fajuta do Evangelho de Jesus Cristo.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Quem não tiver Pecado...

Certo dia, enquanto Jesus ensinava no templo, Ele é interrompido por alguns mestres da religião judaica. Estes trazem e expõem ao público uma mulher que teriam flagrado em adultério. Os fariseus e mestres da lei queriam que Jesus resolvesse a questão e foram logo adiantando: “Na Lei, Moisés nos ordena apedrejar tais mulheres. E o senhor, que diz?” (João 8. 5). Jesus parece não ter muita pressa para responder. Sabia muito bem onde aqueles homens queriam chegar. Como insistiram nas interrogações, Jesus se ergue mansamente e diz a eles: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela”. O texto bíblico nos revela que, mediante essa resposta, todos foram saindo de fininho, a começar pelos mais velhos. Ficaram somente Jesus e a mulher.
‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Hoje em dia é comum ouvirmos essa frase bíblica que se tornou uma espécie de ditado popular. Porém, como a maioria dos ditados populares, revela apenas mais uma maneira que o ser humano encontrou para se justificar. Tirando a frase de Jesus do contexto ela é usada por pessoas que, confrontadas ou exortadas por causa do seu erro, logo arrematam: ‘Quem não tiver pecado que atire a primeira pedra’. Ou seja, ‘eu na minha e você na sua’. Errar é humano. Ninguém tem o direito de querer chamar a atenção, exortar ou corrigir ninguém. Assim, eis uma bela frase, bíblica, usada pelo próprio Cristo, que serve aos caprichos e necessidade de fuga que carregamos. Utilizado convenientemente como justificativa para continuar pecando sem assumir responsabilidades pelos próprios atos.
Se texto utilizado fora do seu contexto vira pretexto, então fica mais fácil compreender as inúmeras heresias do ‘gospélico’ tupiniquim. Pseudo-teologias varrem o país disseminando um cristianismo light, distorcido, baseado na troca de favores e sem nenhum compromisso ético. Para quem ainda valoriza um mínimo de coerência e gosta da verdade, sugiro ler o texto do Evangelho de João 8. 1-11 na íntegra. Quem o fizer verá que Jesus não deu a resposta aos fariseus para simplesmente justificar a mulher e dizer que estava tudo bem. Não podemos ignorar que Jesus queria mostrar sim que os religiosos metidos a santos eram também pecadores. Porém, depois de ficar a sós com a mulher, as palavras de misericórdia de Jesus continuaram: “‘Mulher, onde estão eles? Ninguém a condenou?’ ‘Ninguém, Senhor’, disse ela. Declarou Jesus: ‘Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado’”. Sem essa conclusão, as primeiras palavras de Jesus podem ser interpretadas para continuar a justificar o jeitinho brasileiro para qualquer coisa! Afinal, quem é que nunca...!?

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O Poder do Perdão
O Que a Bíblia Diz Sobre o Perdão
Liberdade ou Conveniência

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Os Novos Evangélicos

Recentemente uma revista de circulação nacional trouxe em sua matéria de capa o título: "Os Novos Evangélicos: um movimento de fiéis critica o consumismo, a corrupção e os dogmas das igrejas - e propõe uma nova reforma protestante". De acordo com a reportagem a igreja evangélica brasileira estaria passando por um período de transição: "Um tempo em que ritos, doutrinas, tradições, dogmas, jargões e hierarquias estão sob profundo processo de revisão, apontando para uma relação com o Divino muito diferente daquela divulgada nos horários pagos da TV". O número de evangélicos no Brasil continua crescendo. A pergunta que muitos levantam é: e daí? Qual a diferença que isso está fazendo na sociedade? Quais os impactos desse crescimento para o Brasil? São perguntas válidas se lembrarmos que Jesus definiu os discípulos como sendo sal e luz. São elementos que fazem a diferença. A igreja que cresce no Brasil estaria sendo influenciada pela Bíblia ou simplesmente pela sociedade de Consumo?
Ultimamente não tem sido difícil criticar os chamados evangélicos, os tele-pastores, e toda a onda gospel no Brasil. São escândalos, projetos megalomaníacos, apelo desenfreado por dinheiro, falta de integridade e muito pouco daquilo que a Bíblia apresenta como o Evangelho. Há aqueles que torcem o nariz para qualquer crítica. Dizem que o importante é que a Palavra está sendo semeada. Ou, que não devemos tocar nos "ungidos do Senhor". Outra objeção levantada é de que não se deve julgar. Bem, desculpem, mas considero tudo isso papo furado de quem está se beneficiando com a sujeira que está cada vez mais difícil de manter escondida debaixo do tapete. Faz parte do ministério profético sério denunciar as mazelas, sejam elas políticas, econômicas, sociais ou religiosas. Por outro lado, devemos cuidar para não sermos meros reprodutores de "fofoca gospel". Também os crentes facilmente se veem fascinados diante dos escândalos envolvendo celebridades evangélicas, aberrações e falcatruas do gueto que dispõe de seus próprios blogs, comunidades virtuais, sites, jornais e programas (ou redes) de rádio e TV.
É natural que surgissem vozes discordantes. O cuidado ao se fazer a crítica é não esquecer que também somos passíveis dela. A onda anti-institucional deve lembrar que logo ela mesma tende também a se institucionalizar. Se perguntado sobre qual é o problema da igreja brasileira, preciso de humildade e sinceridade suficientes para responder: 'eu!' Toda e qualquer instituição, movimento ou onda continuará sujeita ao erro enquanto composta de pessoas. Reconhecer-se pecador e dependente de Deus é legitimamente Evangélico. O que não podemos é ser condescendentes com o erro. Mas, isso também não significa promover uma cruzada contra indivíduos. Precisamos de maturidade para debater idéias e combater o "orgulho humano que não deixa que as pessoas conheçam a Deus". E, assim, "levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo" (2 Coríntios 10. 5).

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Que Deus é Esse
Você Não Precisa Agradar a Deus
O Cristão é um Cético

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Eu Não Fiz Por Merecer!

Em tempos de ativismo, correria e produção facilmente confundimos a vida religiosa também com uma série de atividades, serviços e práticas a fim de ganhar pontos com Deus. Na vida somos avaliados, recompensados e promovidos de acordo com aquilo que produzimos. Recebemos pontos e notas. Aprendemos que é preciso fazer por merecer. Até mesmo um elogio precisa ser conquistado. Essa lógica de causa e efeito gera em nós alguma dificuldade para compreendermos o verdadeiro sentido da fé cristã. Nosso senso de justiça, que até pode apresentar uma lógica correta para as relações humanas, atrapalha se aplicado na relação de Deus com a humanidade. Reconheço que corro o risco de não ser bem compreendido nessas questões. No entanto, ouso aventurar-me assim mesmo neste texto curto para tópico tão importante.
Todos nós já ouvimos exaustivamente falar a respeito do amor de Deus. Conhecemos também o supra sumo da lei: "Amar a Deus acima de todas as coisas e o próximo como a si mesmo" (Mateus 22. 37 e 39). Porém, uma apreensão meramente intelectual não pode dar conta do real significado dessas verdades. Basta vermos o quanto é fácil exigirmos aquilo que não é exigível. Como querer que alguém me ame? O amor não se compra, não se barganha, não dá para reivindicar como direito. Tampouco é algo que preciso fazer por merecer. Qualquer relação baseada no que o outro pode oferecer em troca deixa de ser amor. Vira negócio. Não falo meramente de um amor romântico, dos enamorados. Mas, com tudo isso também não quero dizer que o amor seja condescendente. Logo se tornaria indiferença. Se aproximaria novamente da lógica da troca: 'não abordo para não chatear, não chateio para não perder a simpatia'.
Em que se baseia a vida cristã? O que é o discipulado? No Evangelho de Marcos encontramos Jesus estendendo um convite (ou seria uma convocação?) a doze pessoas. Sim, esse chamado implica numa missão. Eles receberiam uma tarefa. Mas, uma leitura mais atenta vai perceber um algo mais no texto: "Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele. Escolheu doze, designando-os como apóstolos, para que estivessem com ele..." (Marcos 3. 13, 14). Jesus não estabelece critérios de seleção. Ninguém ali 'fez por merecer'. Primeiramente, Jesus chamou os doze para junto dele, para que estivessem com Ele. A autoridade daquelas pessoas viria de estarem com Jesus, de desfrutarem da intimidade do Mestre. Aquele grupo de amigos deu início a um movimento que revolucionou o mundo. Antes de qualquer tarefa, de qualquer grande missão, o desafio do discipulado consiste em viver sob a influência de Cristo. Isso acontece nos relacionamentos. A experiência de ser. Não podemos oferecer daquilo que não recebemos!

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