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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ainda Sobre Religião

No seu livro A Criação Restaurada o professor de filosofia Albert M. Wolters faz uma afirmação intrigante. “Se os seus atos não se afinam com as suas crenças, você tende a mudar os seus atos ou as suas crenças. Você não conseguirá manter a sua integridade (ou saúde mental) por muito tempo se não fizer um esforço para resolver o conflito” (Albert M. Wolters - A Criação Restaurada, p. 16). Jesus Cristo certa vez falou sobre essa questão da coerência nos seguintes termos: “Vocês os reconhecerão por seus frutos. Pode alguém colher uvas de um espinheiro ou figos de ervas daninhas?” (Mateus 7.16). Pode ser que não dê para mudar um espinheiro fazendo-o de repente produzir figos ou uvas. Mesmo os enxertos possibilitados pelos avanços científicos são ainda capazes de uma mudança essencial. No entanto, o que os Evangelhos ensinam e, no que Wolters concorda, é que nós, seres humanos, podemos mudar. A questão é: queremos?

Obviamente ninguém é 100% coerente em tudo. Nossas idéias mudam, as nossas opiniões mudam. É bom que seja assim. Afinal, uma das virtudes do ser humano é a sua capacidade de aprendizado e adaptação. E, é exatamente essa nossa capacidade que não deveria ser colocada de lado também na hora de refletir sobre as grandes questões da existência. Quando crianças já nos questionamos sobre a vida, Deus e o Universo. Somos questionadores. Vivemos em busca. Normalmente não nos satisfazemos com respostas simplistas. No entanto, sobre algumas questões essenciais há quem defenda a idéia de que simplesmente ‘é melhor não discutir’. Ou seja, fazer de conta que não existe. Um exemplo é o velho ditado que diz que “Futebol, Política e Religião não se discute”. Nada mais incoerente. Basta ver a realidade para constatar que são estes exatamente os temas mais discutidos.

É isso o que Wolters e os Evangelhos estão dizendo. E, o raciocínio lógico também irá confirmar. O ser humano tende a organizar a sua vida de modo que o resultado seja coerente com aquilo que ele acredita. Esta crença será composta de questões desde as mais subjetivas até as mais objetivas. Porém, o que ocorre em nossa época é que para sustentar um discurso que nos faça parecer sofisticados e afinados com o pensamento corrente, preferimos deixar a coerência de lado e repetir falácias, mesmo que para isso tenhamos que quebrar as regras da lógica. Ou seja, sustentamos certas crenças da boca pra fora, mas que são desmentidas por nosso estilo de vida! E sabem o que é mais curioso? Achamos tudo isso normal! E, ainda nos surpreendemos com as neuroses de uma sociedade cada vez mais afundada na crise moral.

Sobre Ser Religioso

Há quem acredite em Deus. Há quem não acredite. Há também quem acredite em vários deuses. Mediante isto, há quem defenda que a tolerância se constrói simplesmente ignorando as diferenças. Ou seja, melhor não discutir essas questões religiosas. Mas, se há discussão, é exatamente porque as crenças e opiniões divergem. E, isso não acontece somente sobre questões que o senso comum chama de religiosas. Existem divergências a respeito de praticamente tudo neste mundo. Por quê? Essencialmente porque toda idéia, opinião e até mesmo questões reivindicadas como científicas estão alicerçadas sobre um fundamento último que é religioso. Portanto, até podemos dizer que não gostamos de discutir religião. Porém, invariavelmente, sempre estaremos falando a partir de uma visão de mundo que mantemos a partir de um fundamento religioso. E, como consideramos isso precioso (sagrado) demais para nós, iremos sempre defender o nosso "ponto de vista" (ou, o nosso comprometimento religioso, como também poderia ser chamado).

Deixe-me tentar esclarecer um pouco aquilo que estou querendo dizer. Aquelas pessoas que acreditam em Deus consideram este Deus como o fundamento de todas as coisas criadas. Vejam que até mesmo o fato de eu dizer ‘coisas criadas’ já reflete a minha crença. Pois, para alguém que não acredita em Deus melhor seria dizer ‘coisas existentes’ ou o ‘cosmos’. Afinal, sem Deus não existiria um criador. Porém, este segundo grupo de pessoas teria, então, que encontrar uma outra explicação para a origem de todas as coisas. Uma possibilidade seria dizer que tudo sempre existiu. Tudo é matéria. E, a partir daí todas as coisas evoluíram até o seu estado atual. Uma conclusão óbvia é que, portanto, tudo continua evoluindo.

É aqui que todos os seres humanos revelam-se essencialmente religiosos. Pois se eu afirmo um Deus na origem da existência e, por isso, sou religioso, o que faz de alguém que afirma a matéria (sem um Deus anterior) como a origem do Universo alguém menos religioso? Nenhuma pessoa razoável negaria que existe alguma coisa em vez de nada. O Universo está aí. Nós estamos aqui. Para explicar isso existem inúmeras versões. Todas elas reivindicando ser a verdade. A grande pergunta a ser feita, então, é: qual é a explicação que faz mais sentido? Qual é a mais coerente? E, talvez, a pergunta mais importante: quais seriam os resultados se todas as pessoas decidissem viver de forma o mais coerente possível com a sua visão de mundo? Enfim, como seria a vida de alguém que decidisse viver de maneira coerente com a sua crença? Ora, fica o desafio: em que ou quem você crê? As crenças que você sustenta resistem a uma análise sincera do estilo de vida que você leva? “Se os seus atos não se afinam com as suas crenças, você tende a mudar os seus atos ou as suas crenças” (Albert M. Wolters).

Tudo Que Eu Vi Não É Tudo o Que Eu Preciso Aprender

A frase acima é de uma música de uma banda que eu curto bastante! Final de ano nos faz recordar que o tempo passa. Por isso mesmo, favorece o clima de reflexão. A você que nos acompanha aqui No Coração do Pai, um abençoado Natal e que 2012 seja um ano em que você continue aberto à transcendência. Que esta época de final de ano seja um período de avaliações, reflexão e reorientação. Entre sonhos, desejos e planos, lembremos: "Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas" (Mateus 6:33)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O Tirano da Galiléia

Os sábios do oriente, ao retornarem para a sua terra, não obedeceram ao governador da Galiléia. Souberam que as intenções de Herodes para com o menino Jesus não eram das melhores. Retornaram, então, por outro caminho. Homem inseguro que era, Herodes sentiu-se traído pelos sábios e imediatamente colocou em ação um plano sanguinário buscando prevenir-se na posição. Seu passado já demonstrava que ele era capaz de qualquer coisa para sustentar o poder.

O homem conhecido como Herodes, o Grande, foi governador da Galiléia por quase cinco décadas. Um de seus primeiros casamentos já fazia parte de uma jogada política na tentativa de agradar os hasmonianos que controlavam Israel antes da dominação romana. Vendo, porém, que o casamento com Mariamne não foi suficiente para por fim às suspeitas dos hasmonianos, Herodes decidiu agir de maneira mais drástica. Começou a eliminar um a um todos os hasmonianos até que não sobrasse mais ninguém que pudesse ameaçar-lhe o poder. Livrar-se de todos significava, inclusive, por fim à própria Mariamne e aos filhos que tivera com ela. Infelizmente, os episódios de tirania e assassinatos não se restringem a estes. Uma pessoa que tem como características a sede de poder somado à insegurança pessoal é capaz das coisas mais terríveis na busca pela auto-afirmação. Com o tempo, passa a suspeitar de tudo e de todos. A paranóia faz aumentar os riscos para aqueles que o cercam.

Os homens do oriente que visitaram Herodes em busca do novo rei que havia nascido não podiam contar-lhe onde estava o menino Jesus. Furioso, o governador mais uma vez dá início a um plano tirânico e dos mais cruéis. Ordenou que todos os meninos abaixo de dois anos de idade em Belém e nas proximidades fossem mortos. Os soldados saíram para cumprir a ordem do governador. Grande foram o pranto e a lamentação das mães que perderam seus filhos naqueles dias. Maria e José, porém, já haviam deixado a região com o menino que, assim, escapou da matança. Esta, porém, não seria a primeira e nem mesmo a única vez que governantes inseguros e despreparados perpetrariam medidas despóticas na ânsia de assegurar o seu espaço.

A exemplo de todos os governantes, sejam eles reis, imperadores ou presidentes, Herodes também passou. Uma enfermidade fatal no estômago e nos intestinos foi suficiente para decretar a sua morte. Embora os governos sejam legítimos e necessários, ninguém é soberano sobre a vida e a morte. Também aqueles investidos de autoridade para governar devem fazê-lo no temor de Deus buscando assegurar condições para que haja justiça e que todos desfrutem de vida digna. Sempre que alguém confunde as coisas querendo assumir a soberania que cabe somente a Deus, mais uma vez fica evidente o pecado que faz do governo um mal necessário e de Jesus a solução indispensável!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Os Sábios do Oriente

Como é típico da raça humana, também aqueles sábios homens do oriente buscavam por algum sinal de Deus. Seja na natureza, na ciência ou mesmo nas práticas ocultistas, o ser humano é alguém em busca. Como disse Agostinho de Hipona, não há como escapar do fato de que o nosso coração só encontra descanso em Deus. Os mistérios do universo sempre despertaram a atenção da humanidade levando à conclusão de que há um Criador. No antigo Oriente também magos e eruditos estavam ocupados com o tema. Mais que isso, serviam também aos imperadores procurando prever o nascimento de qualquer governante que pudesse ameaçar os poderes correntes. Que ameaça poderia ser maior do que deparar-se de repente com o grande legislador do universo?

Não sabemos ao certo quantos eram os sábios que rumaram para a cidade de Belém. Apenas alguns poucos versículos da Bíblia são dedicados a eles. As palavras contidas no Evangelho de Mateus também não permitem tirar grandes conclusões sobre o que exatamente teria sido o sinal que os magos viram. Uma estrela? Um cometa? Um anjo? Uma conjunção de planetas? Fato é que eles seguiram caminho e primeiramente chegaram até o rei Herodes a quem perguntaram: "Onde está o recém-nascido rei dos judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo" (Mateus 2.2). Como bom governante, Herodes também tinha os seus conselheiros constituídos por sacerdotes, mestres da lei e eruditos. Assustado com a notícia e a ameaça de um novo rei, tratou de consultá-los. Queria saber onde deveria nascer o Cristo. Dos primeiros, ouviu que seria "em Belém da Judéia; pois assim escreveu o profeta: ‘Mas tu, Belém, da terra de Judá, de forma alguma és a menor entre as principais cidades de Judá; pois de ti virá o líder que, como pastor, conduzirá Israel, o meu povo’" (Mateus 2.5-6). Herodes então despediu os magos do Oriente pedindo que fosse imediatamente avisado a respeito de qualquer informação mais precisa sobre o menino que nascera.

E, os magos seguiram o seu caminho rumo à Belém. Ao chegarem “viram o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-se, o adoraram. Então abriram os seus tesouros e lhe deram presentes: ouro, incenso e mirra” (Mateus 2.11). Há quem veja nos presentes mais do que apenas valor material. O ouro simboliza que todo valor, toda riqueza pertencem a Cristo. O incenso serve como homenagem devida à sua divindade. E, a mirra prefigura a morte e os sofrimentos que aguardavam Jesus.

Realizados e cheios de júbilo, o grupo retornou à sua terra por outro caminho. Não eram conhecidos também como sábios em vão. Eles sabiam que a história de Herodes desejando saber o local exato para poder também ir adorar o novo rei, não passava de uma mentira. Com sua insegurança e sede de poder, ele seria capaz de qualquer coisa para eliminar tudo e todos que pudessem representar alguma ameaça.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Uma Noite Especial

Aquele foi um dia em que eles tiveram mais uma vez que sair em busca de uma ovelhinha que se perdera do rebanho. Não foi uma busca demorada. Encontraram-na com dificuldades para transpor algumas rochas no terreno acidentado onde fora aventurar-se. Agora todas já estavam juntas e em segurança. Bem alimentadas e cansadas, todas dormiam. Os três pastores preparavam-se para mais uma longa noite de sono, mas, também de vigília. Nunca se sabe quando um lobo selvagem pode aparecer para atacar o rebanho. A noite estava agradável. O clima ainda não era de muito frio naquela época do ano. Geralmente eles gostavam de passar um tempo conversando até o sono chegar. Gostavam de falar sobre como simples pastores como eles já foram grandemente usados por Deus na história. Compartilhavam, especialmente, as histórias de Moisés e Davi. Vez e outra lamentavam o fato de a atividade que desempenhavam dificultar em muito a participação na vida religiosa e suas observâncias. Mas, ao menos podiam orgulhar-se por cuidarem daquelas que seriam ovelhas especiais, reservadas para o sacrifício no templo.

O que aqueles humildes pastores não imaginavam é que aquela não seria apenas mais uma noite como as outras. Embora permaneçam anônimos, a sua experiência é digna de um Moisés. Quando a noite já envolvera a tudo e a todos, o sono já tomando conta, eis que de repente uma forte luz assusta a todos. Nenhuma tocha, nenhuma estrela e nenhuma fogueira jamais produziriam tal luminosidade. Assustados, mal podiam acreditar naquilo que viam. Um anjo estava bem diante deles. As ovelhas parecem não ter se assustado. O anjo falou: "Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura"(Lucas 2.10-12). E o que era, a princípio, apenas um anjo, logo se revelou como uma verdadeira milícia celestial a entoar: "Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor" (Lucas 2.14). E assim, os anjos se foram. Imediatamente os pastores se organizaram e seguiram para Belém. Eles estavam ansiosos para ver aquilo que o Senhor havia dado a conhecer.

Seguiram às pressas e de longe enxergaram uma pequena luz numa simples estrebaria. Encontraram José e Maria ao lado da manjedoura. Um bebê recém nascido era o centro das atenções. Os pastores não puderam se conter. Logo saíram a espalhar a notícia. Precisavam contar a todos as coisas incríveis que ficaram sabendo a respeito daquele menino. Eles não conseguiam esconder a sua alegria. Seguiam cantando e louvando pelo caminho de volta por tudo aquilo que haviam testemunhado. Suas vidas nunca mais seriam as mesmas. Haviam experimentado uma proximidade de Deus como nunca antes. À exemplo de Moisés e Davi, mais uma vez simples e desprezados pastores entram para a história. Deus continua demonstrando que gosta de revelar-se às pessoas humildes. Foram eles os primeiros a receber a proclamação que abalaria o mundo inteiro.

A Verdadeira Luz

Natal Luz. Cidade luz. Festa das luzes. Luzes por toda parte. Até as crianças sabem: o Natal chegou. Não sou adepto da paranóia que muitos cristãos criam em torno dos símbolos cristãos vendo neles apenas uma remontagem ao velho paganismo. Aliás, é curioso que em vez de simplesmente comemorarem o fato de que a força de Jesus Cristo e do Evangelho têm dado um novo significado a tantos símbolos, alguns cristãos insistem em simplesmente desenterrar velhos ritos e símbolos pagãos. Com relação à luz, a Bíblia fala a seu respeito já no terceiro verso: Disse Deus: "Haja luz", e houve luz (Genesis 1.3). E, o que a luz representa no natal? Penso em dois relatos do Novo Testamento. Antes mesmo do nascimento de Jesus, dizia-se dele que “estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens” (João 1.9). E, depois, uma estrela teria guiado os três reis magos até Belém onde encontrariam Jesus (Mateus 2.2ss). Temos, portanto, algumas questões importantes aqui: 1) a luz emana de Deus; 2) Jesus é a luz e; 3) uma luz serviu como guia e sinal.

Não é, portanto, nenhum exagero que a luz sirva para engrandecer este momento histórico tão especial que marca, nada mais nada menos, que a vinda do próprio Deus encarnado à Terra. Por outro lado, obviamente existem os exageros. Nenhuma luz artificial é capaz de refletir aquilo que somente Jesus Cristo é capaz de fazer ao mundo e ao coração do ser humano. E, o exagero das decorações e o excesso de luz parecem, muitas vezes, refletir exatamente o vazio existencial daqueles que ignoram a verdadeira luz. Ainda, para servir de sinal e guia, a luz deve ser única e especial. Não pode ser simplesmente um mar de luzes que mais confunde e ofusca do que orienta. Se fossemos perguntar às muitas pessoas que nessa época do ano enfeitam suas casas com as luzes natalinas, qual é o sentido nisso tudo, o que será que obteríamos como resposta?

Uma estrela possui luz própria. Não somos estrelas e, mesmo assim, muitos de nós queremos brilhar. O que o Natal representa? Exatamente o inverso. Não temos muito que resplandecer. A luz veio ao mundo. Ela vem iluminar as nossas trevas. Jesus Cristo vem pra reorientar as nossas vidas. E, mais do que isso, ele vem trazer redenção, reconciliação. Jesus disse: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida" (João 8.12). Quando se apela para o velho discurso sobre o sentido do Natal, existe muito mais em jogo do que as manjadas mensagens de paz e solidariedade. Se nossas luzes significam que estamos abertos e dispostos a deixar a verdadeira luz brilhar, então ainda resta esperança. Mas, se nossas luzes não passam de artificialidades para ofuscar ainda mais a verdadeira luz, então, nem todos os quilowatts do planeta serão suficientes para nos tirar das trevas.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

João Ninguém

Quem nunca ouviu essa expressão!? Lembrei-me dela ao refletir sobre esse período do ano que os cristãos conhecem como Advento. Estamos no período de quatro semanas que antecede o Natal. O Novo Testamento trás em suas primeiras narrativas um pouco sobre a vida de João Batista. Se o Advento é também um período de preparação, de vinda e chegada, João é apresentado como aquele que veio como “testemunha, para testificar acerca da luz” que vem ao mundo (João 1.7). E, assim costumava apresentar-se: "Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor’" (João 1.22-23). Depois de Maria, José e Antônio, uma pesquisa revelou que João é o quarto nome mais comum no Brasil. João já era também um nome comum nos tempos bíblicos. O Advento e os Evangelhos oferecem-nos a oportunidade de refletir sobre como Deus olha para os João Ninguéns deste mundo.

A expressão João Ninguém se tornou popular significando um “indivíduo sem importância, que não tem peso social e destituído de qualquer poder econômico”; um “homem insignificante”; alguém que “não consta” ou, “pouco vale”. Mas, o que tem a ver a vida de João Batista com um João Ninguém? Por trás de cada nome existe um ser humano. Filho de um sacerdote chamado Zacarias e sua esposa Isabel, João é fruto de um desses milagres considerados mais extraordinários da vida. Ele nasceu quando seus pais já estavam numa idade bastante avançada. Um período em que normalmente o ser humano já não gera mais filhos. João nasceu e cresceu numa região montanhosa da Judéia. Ele tinha alguns hábitos estranhos, inclusive para aquela época. “As roupas de João eram feitas de pêlos de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura. O seu alimento era gafanhotos e mel silvestre” (Mateus 3:4). Ele era o que na época chamavam de um asceta. Alguém que se separava, praticando exercícios espirituais como jejum, purificações, mortificação do corpo e etc, a fim de progredir espiritualmente. João Batista é também normalmente conhecido como a voz no deserto.

Esse João de hábitos excêntricos é que é anunciado como o homem que surgiu como enviado por Deus (João 1.6). Um João Ninguém que, apesar dos modos rudes e da mensagem dura, conseguia audiência. Tinha, inclusive, um bom grupo de seguidores. O significado que popularmente conhecemos para João Ninguém não existe para Deus. Para Ele não existem João Ninguéns! Este João, diz o Evangelho, “veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem” (João 1:7). Talvez fosse algo como isso que Paulo tivesse em mente quando ele diz que “Deus escolheu as coisas loucas do mundo”, que Ele “escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são” (1 Coríntios 1.27-28). Sim, Deus escolhe um João Ninguém e faz deste um alguém. Alguém que pode agora dar testemunho de que anunciar o Cristo, faz a sua alegria ser completa (João 3.30).

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