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quarta-feira, 6 de julho de 2016

IDEOlatria

Ao criticarmos uma ideologia poderemos, conscientemente ou inconscientemente, estarmos defendendo outra. Adotar uma posição contrária a tudo que cheire a política ou, inadvertidamente, abraçar alguma proposta sem a devida crítica, são riscos que corremos. Quando se trata de ideologias políticas a própria bíblia tem sido utilizada para defender o capitalismo liberal, o socialismo e o conservadorismo, por exemplo. Com isso, perde o corpo de Cristo, a igreja, que se vê fragmentada e, até mesmo dividida, por questões político-ideológicas. O risco é de agirmos pela lógica de uma crença pautada ideologicamente. E, assim, sacrificamos os princípios e relativizamos os meios em nome de um objetivo.

Como cristãos costumamos dizer que a bíblia é o nosso parâmetro. A questão, no entanto, é: temos lido as escrituras de modo que ela ilumine nossa vida? Ou temos deixado que nossos próprios “óculos” culturais e ideológicos determinem a nossa leitura? Não há como evitar que a nossa história e o nosso contexto influenciem a leitura da realidade e da própria bíblia. Como cristãos, no entanto, deveríamos ser, acima de tudo, desconfiados a nosso próprio respeito. Vivemos um tempo em que parece ter ficado muito fácil lançar “verdades” ao vento e nos comportamos como donos desta verdade. Essa mesma bíblia que prezamos tanto, porém, adverte de que “o coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jr 17.9).

Uma ideologia pode, sim, ser capaz de identificar questões legítimas e até mesmo defender questões justas. O problema está em o quanto as pessoas podem confiar sua lealdade a ponto de tornarem-se cegas. É quando uma ideologia se torna um ídolo. Jesus nos adverte de que não se pode servir a dois senhores (Mt 6.24). Se tomarmos uma ideologia como digna representante que dá conta de explicar toda a complexa realidade da vida, então, estamos falando de um absoluto que substituiu o próprio Deus. E, para nós, cristãos, Deus é o único absoluto. Ele é o criador de todas as coisas. Logo, tudo abaixo dele é relativizado e passível de dúvida e questionamento, especialmente depois da queda, realidade em que nos encontramos todos (Rm 3.23).

Cada ideologia apresenta aspectos que legitimamente podemos reconhecer e valorizar. O problema está em promover este elemento como sendo aquele que confere sentido para tudo o mais. Sempre que atribuímos divindade a qualquer aspecto isolado da criação de Deus e fazemos a leitura da realidade a partir disso, corremos o risco de nos tornamos totalitários, contribuindo para a injustiça. A história da humanidade está repleta de exemplos de como regimes fundamentados numa ideologia radical levaram desde à fragmentação social até mesmo à grandes genocídios. O remédio está em nos conscientizarmos de que Deus é Deus e tudo o mais depende dele. Deus é o Criador, nós somos as suas criaturas. Não vamos nos dobrar diante de ídolos feitos por mãos ou mentes humanas! (Ex 20.3).

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